Ao fim do nono mês de sua tão desejada
gestação, Ysabela dos Santos Moraes, de 16 anos, perdeu sua primeira filha após
percorrer quatro hospitais. Com sangramento e a bolsa rompida, ela pediu
socorro nos hospitais Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari; Moacyr do Carmo, em
Duque de Caxias; da Mulher, em São Cristóvão; e Estadual Adão Pereira Nunes, em
Saracuruna. Em todas as unidades, diz o pai do bebê, Fabrício Xavier de
Oliveira, de 19 anos, ela foi atendida como se tivesse infecção urinária.
No sábado, Ysabela voltou ao Hospital
de Saracuruna, onde deu entrada na emergência da maternidade. Apesar da pouca
dilatação e do sangramento, os médicos insistiram em fazer parto normal, já a
paciente é jovem:
- Do jeito que fomos tratados, eu já
imaginava que isso fosse acontecer - disse Fabrício, que pretende processar o
hospital e o obstetra que fez o parto.
O enterro da pequena Mirela - nome do
bebê - está marcado para as 15h desta segunda-feira, no Cemitério do Caju, na
Zona Portuária do Rio.
O Moacyr do Carmo e a Secretaria
municipal de Saúde do Rio - responsável pelo Instituto da Mulher Fernando
Magalhães e Hospital Municipal Ronaldo Gazolla - informaram que apuram o caso.
A direção do Pereira Nunes diz que a paciente deu entrada na unidade com
diagnóstico de feto morto, o que foi confirmado pelo ultrassom feito no momento
da internação. Segundo o hospital, Ysabela segue internada e com quadro
estável.
Veja a nota na íntegra:
‘A direção do Hospital Estadual Adão
Pereira Nunes informa que a paciente Ysabela dos Santos Moraes, de 16 anos, deu
entrada na unidade no dia 13/07, às 17h45, com diagnóstico de feto morto,
confirmado pelo exame de ultrassom realizado no momento da internação da
paciente. A mesma encontra-se no hospital, e seu estado de saúde é considerado
estável.’
‘O que fizeram foi o
retrato do descaso’
Fabrício Xavier, 19 anos - vendedor e
pai do bebê
“O que fizeram com a gente foi o
retrato do descaso. Não tenho como descrever a dor que sinto neste momento.
Fomos tratados como se não existisse uma outra vida pedindo socorro. Se minha
filha morreu, foi porque existem médicos incapazes de salvar vidas. Médicos que
juram amor à profissão, mas, na hora de exercê-la, esquecem tudo. Amei a Mirela
desde o momento que soube que Ysabela estava grávida.”
Pai da criança, Fabrício está indignado com o descaso dos hospitais públicos Foto: Fabio Teixeira / ExtraLeia mais:
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